quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre a última sessão da Câmara
Em sua última sessão, a Câmara Municipal aprovou o projeto que institui feriado municipal o dia da padroeira da cidade. Não entro no mérito da questão. Sobre ela, apenas diria que, se vivemos em um Estado laico, ou não deveria haver feriados religiosos (Natal e Páscoa, inclusive) ou outras tradições religiosas deveriam ter o direito de tê-los também (o Estado é laico mas reconhece o direito à religião – qualquer que seja, contudo). O que chamou a atenção, no entanto, foi a mensagem que a população cabreuvana, ao menos a que mora no centro, transmitiu, sub-repticiamente (ou seja, de forma não-intencional, ou não-explícita): quando alguma questão é de seu interesse, ela comparece à sessão da Câmara. O que é motivo de lamento, e eis o que originou essas mal-traçadas, é que a população considere de seu interesse apenas a votação de um feriado religioso!

Tenho profundo respeito por todas as tradições religiosas, cristãs ou não. Portanto, não coloco em discussão a fé de quem quer que seja (não nesse espaço, pelo menos). Mas chamo a atenção para o aspecto revelado nesse comparecimento maciço da população à Sessão da última quarta-feira: parece que os demais projetos, que tratam de educação, casas populares, atendimento médico e, sobretudo, fiscalização dos atos do Poder Executivo, não são igualmente importantes!

O que mais se vê é o povo reclamando da qualidade dos seus políticos. Há momentos, contudo, em que parece fazer sentido o ditado, que eu, sinceramente, gostaria de acreditar que não fosse verdadeiro: cada povo tem o político que merece... Ora, cabreuvanos, se vocês comparecem à sessão apenas quando há algo de seu interesse, mas vocês consideram de seu interesse apenas a votação de um feriado religioso, em que momento poderemos acreditar em um acompanhamento realmente significativo da atuação dos políticos? Como podemos escolher melhores candidatos se nos lembramos deles apenas a cada quatro anos, e sequer sabemos como votam e quais suas argumentações para se posicionarem de tal ou qual modo? Imaginemos, ainda, se ao menos metade dos presentes à sessão participassem de algum movimento de fiscalização e discussão política, já existente em nossa cidade? A diferença seria grande...

É muito cômodo comparecer em apenas uma reunião, sabe-se se lá se uma ou duas vezes por ano, reclamar, vaiar, ofender (postura, aliás, lamentável de alguns), mas deixar que em todo o restante do tempo os vereadores trabalhem sem qualquer acompanhamento por parte da população. A mudança na política começa pela mudança nos eleitores. Não pensem que ela virá de cima.

Um comentário:

  1. Caro Leandro.
    Atendendo seu pedido, publiquei seu texto na coluna "Espaço Aberto", no www.cabreuvaemfoco.blogspot.com
    Quero que saiba que seu texto inaugurou essa coluna, que foi criada com a finalidade específica de ser uma forma democrática de manifestação dos moradores de Cabreúva. Fico muito feliz que tenha aberto esse painel de discussões sobre nosso município. A democracia, dessa forma, sobrevive e se engrandesse, envolvida com temas polêmicos, principalmente sobre o papel que representa a participação da população nos caminhos de nossa cidade.
    Excelente tema! Excelente texto!
    Um grande abraço...

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